13/09/2019
‘Isso que É Amor’ traz 25 canções do artista que
contam a fictícia história de um cantor pop atormentado pela busca de uma musa
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por:Ubiratan Brasil, O Estado
de S. Paulo
Cena do musical Isso que É Amor, com
canções de Luan Santana e direção de Ulysses Cruz Foto: Victor Hugo Cecatto
Um ídolo não existe como tal sem a presença dos
fãs. A devoção muitas vezes sem limite eleva a temperatura da fama, tornando
seres normais em quase entidades. Pois é a noção da importância dessas pessoas,
que não medem esforços para estar próximas de quem veneram, que convenceu a
equipe criativa do musical Isso que É Amor, que estreou no Teatro das Artes, a convidar 20
fãs para participar, no palco, do final de cada sessão.
“São pessoas que
tiveram importante papel no desenvolvimento do espetáculo”, atesta o produtor
Gustavo Nunes. “Durante os ensaios, recebemos a visita de fãs que fizeram
observações pertinentes, como o uso correto de frases e até do desenrolar de
algumas cenas.”
Tamanha preocupação se explica em torno de um
nome: Luan
Santana. A vida e a trajetória artística do
cantor e compositor sul-mato-grossense de 28 anos inspiraram a criação de Isso que É Amor que, se não é biográfico, é um musical que
fala das diferentes maneiras de se gostar, ambientado no mundo pop.
O espetáculo
acompanha o momento decisivo vivido por Gabriel Lucas (Daniel Haidar), jovem
cantor popstar que vive em busca de uma musa inspiradora, especificamente uma
que povoa seus sonhos. Durante uma turnê, quando visita uma cidade do interior,
ele descobre Leona (Isabel Barros), garota que, graças à sua paixão pela
natureza, desconhece o universo glamouroso que rodeia Gabriel.
Naquele lugar, também
despontam figuras distintas, como o fotógrafo Fernando (Nicolas Ahnert), rapaz
que vive um conturbado relacionamento com Leona, enquanto busca
desenfreadamente o sucesso. Também Deise (Pâmela Rossini), presidente do
fã-clube do cantor, menina ciumenta e possessiva. Ou ainda Maria (Isabella
Bicalho), mulher que adota métodos peculiares na criação da filha.
“Além de ser uma
viagem pelo repertório de Luan, é uma história de diversas formas de amor”,
conta Rosane Lima, autora do roteiro final, desenvolvido a partir das músicas
do cantor. “O amor juvenil de Gabriel Lucas e Leona, o amor devotado de Maria
por sua filha, o amor apaixonado das fãs pelo seu ídolo, o amor torto de
Fernando.”
Rosane partiu de um argumento escrito por Gustavo
Nunes, que partiu da ideia a respeito da poética de Luan Santana e sua
influência no imaginário de seus fãs. Isso que É Amor é narrado por meio da
apresentação de 25 canções do artista, como Meteoro, Escreve Aí, Chuva de Arroz, Vingança e Sinais,
entre outras. “Escolhemos desde trabalhos de seu início de carreira, aqueles
que Luan nem voltou a gravar, até a sucessos recentes”, explica Nunes.
“O espetáculo não tem relação com a vida do Luan,
mas sim com o imaginário romântico desse popstar que estará no palco com as
suas canções recriadas”, observa Ulysses
Cruz, que assina a direção artística.
Criador inquieto,
sempre em busca das soluções mais inusitadas que contribuam para a
originalidade do espetáculo, Cruz se apoiou nas diversas facetas do romantismo
evocadas nas canções de Luan. “A história foi construída a partir da escolha
das músicas mais representativas da carreira dele, em todas as suas fases. O
contexto delas é que nos interessa e nos ajuda a construir o mundo de cada
personagem. Rosane Lima foi ao imaginário das canções do Luan, para construir
essa história.”
Para ele, o grande
desafio foi criar um espetáculo palatável para todos os fãs - Gustavo Nunes se
impôs a meta de trazer para o teatro as pessoas que só frequentam os shows -,
mas que trouxesse também uma curva dramática ao exibir o rito de passagem que
marca Gabriel Lucas: em sua insatisfação com o tipo de música que vinha
criando, o jovem cantor atinge a maturidade (pessoal e artística) quando
descobre o valor da depuração.
“O espetáculo fala
desse rito de passagem, dos amigos que não crescem e vão ficando para trás, do
encontro com a musa inspiradora que vai transformá-lo numa pessoa mais completa
e, portanto, num artista melhor. É disso que trata o espetáculo”, comenta
Ulysses.
E, para diferenciar
de um show, o musical apresenta as canções de Luan com sonoridades que, se não
traem o original, aproximam a história desse gênero teatral. Ou seja, as
canções ajudam a contar a narrativa. “E não podem ser tocadas no palco como são
executadas em um show”, continua o diretor, que descobriu o caminho no trabalho
com Guilherme Terra, responsável pela direção musical, preparação vocal e
arranjos. Assim, até os mais fanáticos pela obra de Luan Santana vão se
surpreender com suas músicas sendo apresentadas em ritmos como tango, jazz,
salsa e até moda de viola.
Acompanhando todos os passos do projeto, Luan
Santana aprovou as medidas, mesmo sem ter visto nenhuma cena, graças à
carregada agenda de shows.
Fonte:estadão/caderno cultura
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